Mais uma das surpresas encontradas no estado de São Paulo, o Parque Estadual Turístico do Alto da Ribeira, carinhosamente chamado como Petar, é o reduto perfeito para os adeptos do ecoturismo.
Ao sul do território paulista, o parque concentra mais de 300 cavernas, sendo este um dos maiores conjuntos de todo o mundo. O lugar fica ainda mais admirável, quando descobrimos que faz parte de uma região intocada da Mata Atlântica, sobre montanhas e serras. Se não bastasse toda essa riqueza, o patrimônio natural de Petar é formado por sítios paleontológicos, arqueológicos e históricos, abrigando ainda inúmeras espécies de animais e plantas.
Criado em 1953 e reconhecido oficialmente em 1958, o parque só foi aberto para visitação nos anos 1980. De acordo com estudos feitos no local, é possível que primatas tenham-no descoberto há cerca de dez mil anos. Foram encontrados sítios ceramicistas e outros vestígios de calcários que podem ter 2 mil anos de idade. Ainda com relação à sua história, é muito provável que o território tenha servido como rota migratória de populações indígenas. Além disso, entre os séculos 17 e 18, a área foi alvo da colonização portuguesa, o que deu origem a muitos quilombos nos arredores.
Palco de importantes capítulos da História do Brasil, antes, durante e depois do período de colonização, hoje o parque serve como plano de fundo para várias expedições, trilhas e uma série de atividades ecoturísticas. Com muita disposição e uma dose de espírito aventureiro, a programação dentro do Petar é bem movimentada para os visitantes que querem explorá-lo. Veja como!
O que fazer
No total, o Petar abrange uma área contínua de Mata Atlântica, com mais de 200 mil hectares, onde vive uma infinidade de animais, sendo possível encontrar rios, cachoeiras e as famosas cavernas. Graças à sua importância ecológica e ambiental, a região foi considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO.
Toda essa grandiosidade territorial permite a prática de esportes como rapel, moutain bike, caminhada e boia-cross pelo rio Betari. Outra possibilidade é caminhar entre as diversas trilhas e explorar suas cavernas.
Para que tudo seja feito de forma segura e proveitosa, o Parque conta com diferentes núcleos, responsáveis por agendar visitas, disponibilizar guias e informações úteis sobre toda a história e biodiversidade do lugar. Os quatro núcleos dividem responsabilidades e atividades e, por isso, cada um tem uma programação de atividades bem específicas.
O Núcleo de Santana é o mais famoso deles. Ao longo dos seus seis quilômetros de extensão, apenas uma área que compreende 800 metros pode ser visitada. Um dos passeios mais procurados tem duração de 1h30 e percorre estalactites, estalagmites e a curiosa “cabeça de cavalo”, uma das formações rochosas que encantam os turistas.
Dentre as cavernas, destaque para a Água Suja, que tem salões altos. Ao final da visita que pode durar até 2 horas, os aventureiros podem se banhar nas cachoeiras das Andorinhas, com 20 metros de altura. Outro ponto de interesse é a caverna Morro Preto, que tem acesso difícil, mas recompensa todo o esforço com as belas paisagens e os vestígios de ocupação pré-histórica encontrados pelo caminho.
Aumentando o nível de dificuldade, a Caverna Ouro Grosso é um verdadeiro desafio para os exploradores. Parte do Núcleo Ouro Grosso, o percurso inclui escaladas, cachoeiras e poças d’água. Outra caverna do Núcleo é a Alambari de Baixo, cuja travessia pode durar 1 hora. Depois de percorrer a tilha pela mata, a água toma conta do lugar, sendo necessário o uso de equipamentos de segurança.
O Núcleo Caboclos é bem isolado com relação aos demais, por ficar na parte mais alta do Parque. Abriga a Caverna do Chapéu, indicada para iniciantes em excursões como essas, por não ter maiores obstáculos pelo caminho. De acessos menos fáceis, as Cavernas Termina e Desmoronada garantem uma trilha de quase 3 horas e abrigam diversas cachoeiras. Ainda neste núcleo, vale a pena conhecer as Trilhas do Mirante e do Sete Reis, bem como as cachoeiras que tomam conta da paisagem.
Por fim, o Núcleo Casa de Pedra, onde fica Caverna de mesmo nome. Impressionante, a Casa de Pedra em um teto rochoso com 215 metros de altura, o equivalente a 72 andares de um prédio. Como não é um local muito seguro, é possível apenas visitar o pórtico, não sendo autorizada a entrada para expedição em seu interior.
Como chegar
Saindo de São Paulo, são dois caminhos. Pela BR-116/Régis Bittencourt por 230 km até Jacupiranga, mais 25 km pela SP-193 até Eldorado e finalmente outros 73 km pela SP-185 até o município de Iporanga; total: 323 km. Para chegar ao núcleo Santana há ainda 18 km em estrada de terra, em direção à cidade de Apiaí. O núcleo Ouro Grosso, localizado junto ao Bairro da Serra, fica a 14 km da cidade. O núcleo Casa de Pedra, fica a 10 km de Iporanga, todos acessíveis pela mesma estrada.
Pela SP-280/Castelo Branco até Tatuí. Saindo da Castelo, deve-se pegar a SP-127, passando por Itapetininga, até Capão Bonito; nesse trecho a mesma estrada muda de nome para SP-250, passa por Guapiara e por fim chega a Apiaí. Será necessário, então seguir em direção à Iporanga, por mais 21 km em estrada de terra, até chegar ao Núcleo Santana. Ou por mais 25 km até o Bairro da Serra e o Núcleo Ouro Grosso. 4 km adiante fica o Núcleo Casa de Pedra. Já para chegar ao Núcleo Caboclos, é possível seguir por outra rota: 30 km antes de Apiaí, na SP-250, há uma saída de terra à esquerda, que deve ser acessada nessa altura. O núcleo fica a 16 km dessa rodovia, pela estradinha.
Para conferir valores, horários e demais informações, basta acessar o site Petar Online. Lá, é possível saber um pouco mais sobre o parque. E então, é só se preparar para a viagem!